Arte Culinária na História

O esforço humano para adaptar os alimentos fornecidos pela natureza ao paladar é tão antigo quanto o próprio homem.

Na China, encontramos os primeiros sinais desse empreendimento, embora a cultura alimentar chinesa tenha tido pouca ou nenhuma influência na gastronomia europeia.

No Antigo Egito, surgem os primeiros indícios da tentativa humana de tratar os produtos da natureza da forma mais adequada para a alimentação.

Os gregos, com seu misticismo característico, acreditavam que os modos à mesa tinham origem divina. A hospitalidade, a maneira de estar e celebrar ao redor da mesa eram comemoradas de forma sagrada.

A ligação entre a divindade e a medicina levou à fusão da alimentação com os cuidados médicos. Por essa razão, as primeiras receitas e livros de culinária da época foram escritos por médicos, numa tentativa de justificar a relação entre saúde e uma alimentação equilibrada.

As invasões romanas na Grécia fizeram com que os romanos assimilassem os livros e hábitos da cozinha grega, ao mesmo tempo que expandiam sua própria gastronomia por toda a Europa. Esse movimento expansionista também alcançou o Oriente, trazendo para a mesa dos grandes senhores da época especiarias e produtos orientais até então desconhecidos.

A queda do Império Romano, por volta do ano 500 d.C., deixou como herança ao clero uma culinária variada e hábitos alimentares enraizados. A classe espiritual, que à época era a força mais poderosa da sociedade, encarregou-se de preservar essa tradição. O Papa Pio V, juntamente com Bartolomeo Scappi, escreveu o primeiro livro de culinária: “Opera”.

Foi neste período que surgiram as majestosas receitas conventuais. Em seus oásis de tranquilidade, os monges, usando os produtos que cultivavam, inventaram diversas receitas – algumas das quais permanecem atuais até hoje. Também foi nessa época que, devido à abstinência do consumo de carne, o desenvolvimento de pratos à base de peixe atingiu seu auge.

A Idade Média e as diferenças sociais

Ao longo dos séculos que precederam a Idade Média, acentuou-se a diferença entre as classes mais pobres e os ricos. A classe dominante, ligada à Igreja, confundia-se com os interesses dos senhores feudais.

Nos mosteiros, os monges, auto-suficientes, cultivavam legumes e cereais, enquanto os senhores feudais se apropriavam das colheitas de seus servos.

Os alimentos eram usados como moeda de troca, e a doação dos animais mais belos da criação servia como pagamento de impostos. A grande mesa senhorial, já naquela época, enriquecia-se à custa das classes pobres.

As refeições eram preparadas para serem consumidas sem talheres. O garfo ainda não existia e pouco se sabia sobre a colher. Comer com as mãos fazia parte da etiqueta à mesa. Em vez de pratos, utilizavam-se fatias grossas de pão como base para os alimentos.

O Mercado Internacional

Veneza foi, por muito tempo, o centro do comércio europeu. Era para lá que chegavam as especiarias do Oriente, extremamente apreciadas pelos nobres. Esse comércio altamente lucrativo, no entanto, chegou ao fim em 1494, quando os franceses, sob ordens do rei Carlos VIII, invadiram a Itália, transformando-a em um campo de batalha por duas gerações.

Uma nova ordem europeia surgiu, com a França consolidando-se como grande potência.

Na Península Ibérica, iniciavam-se então as grandes viagens das descobertas, lideradas por portugueses e espanhóis, que trouxeram para a Europa produtos até então desconhecidos, como milho, chocolate, amendoim, baunilha, colorau, abacaxi, peru e muitos outros.

No século XVIII, a culinária moderna teve seu grande avanço. Embora ainda fosse privilégio dos grandes senhores, a criação, confecção e aperfeiçoamento das receitas ficavam a cargo de cozinheiros privados, que dedicavam-se exclusivamente à alimentação de seus patrões.

A Revolução Francesa transformou a estrutura social, encerrando os impérios familiares e religiosos. Com isso, muitos cozinheiros perderam seus empregos, dando início a uma nova fase gastronômica: alguns empreendedores decidiram abrir seus próprios estabelecimentos, criando assim os primeiros restaurantes.

Os mais dedicados entre esses cozinheiros passaram a explorar sua criatividade gastronômica, dando origem às casas de pasto – precursoras dos restaurantes modernos.

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