Raízes Históricas: De Remédios a Ingredientes
O uso de ervas aromáticas remonta à Antiguidade — civilizações como os egípcios, gregos e romanos utilizavam estas plantas tanto na alimentação como na medicina. Em Portugal, o cultivo e utilização de ervas intensificou-se com a presença árabe na Península Ibérica, que trouxe novos métodos de cultivo e espécies desconhecidas.
Com o passar dos séculos, estas plantas passaram a ter um papel fundamental na culinária popular portuguesa, especialmente em sopas, guisados, caldos e marinadas. A sabedoria popular ensinava que “quem tem um quintal com alecrim, tem saúde e sabor garantido”.
Cultivo e Produção em Portugal
Portugal tem condições ideais para o cultivo de ervas aromáticas — clima mediterrânico, solos férteis e tradição agrícola. A produção pode ser:
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Caseira: em vasos, hortas ou quintais, onde se cultivam espécies como salsa, coentros, manjericão, tomilho ou orégãos.
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Agrícola Biológica: produtores dedicados à produção limpa, sem pesticidas, com certificação ecológica.
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Industrial: empresas que secam, embalam e distribuem em larga escala, assegurando qualidade e durabilidade.
As ervas podem ser utilizadas frescas ou secas, dependendo da finalidade culinária. As frescas oferecem mais vivacidade ao prato, enquanto as secas têm sabor concentrado e são ideais para preparações lentas.
Marcas Portuguesas em Destaque
Ervital Especializada em agricultura biológica, oferece ervas como tomilho, lúcia-lima e hortelã-pimenta, cultivadas na Beira Baixa. Os seus produtos são muito procurados por restaurantes e consumidores exigentes.
Cantinho das Aromas Marca artesanal que aposta na secagem tradicional e embalagens reutilizáveis. Destacam-se pelas misturas exclusivas como “ervas para peixe” e “aroma campestre”, ideais para guisados e pratos de forno.
Margão Reconhecida no segmento comercial, disponibiliza várias ervas secas em frascos e saquetas. A salsa, os orégãos e os coentros em folha são indispensáveis nas cozinhas portuguesas.
Planta do Xisto Projecto dedicado à preservação de espécies autóctones, com ervas como poejo, alecrim e segurelha, cultivadas na Serra da Lousã.
Ervas Aromáticas na Mesa Portuguesa
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Salsa: usada em quase tudo — caldeiradas, arroz de tomate, pastéis, saladas.
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Coentros: presença marcante no sul de Portugal — açorda, cataplana, massada de peixe.
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Orégãos: indispensáveis em pratos com tomate, saladas de verão e carne assada.
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Hortelã: ideal em sopas de feijão, sobremesas e molhos refrescantes.
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Alecrim: excelente em pratos de forno com batatas, borrego ou frango.
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Tomilho e Louro: usados em marinadas, estufados e para aromatizar azeites.
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Manjericão: cada vez mais presente em pratos mediterrânicos, como massas e pizzas.
Sugestões de Utilização e Conservação
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Para realçar o aroma, pique as ervas frescas apenas no momento de servir.
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Se tiver excesso de produção, pode congelar ou secar em casa — pendurando os ramos em local seco e escuro.
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Misture ervas com azeite para criar temperos caseiros ou bases para cozinhar.
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Um ramo de alecrim na água de cozedura das batatas pode mudar completamente o sabor.
Curiosidades Aromáticas
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O poejo é usado tradicionalmente em açordas e licores no Alentejo.
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Em Trás-os-Montes, a segurelha acompanha pratos de caça.
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A lúcia-lima, além de digestiva, é usada para aromatizar sobremesas.
Conclusão
As ervas aromáticas são o elo entre natureza e cozinha, tradição e inovação. Pequenas na forma mas gigantes no efeito, são capazes de transformar um prato simples numa experiência gastronómica memorável.
Na próxima vez que cozinhar, experimente usar uma erva diferente — descubra o que o alecrim faz num prato de bacalhau ou como a hortelã refresca uma salada de verão. A gastronomia é também uma aventura, e as ervas aromáticas são o mapa que nos guia por sabores inesquecíveis.
Porque, como se diz por cá: “onde há cheiro bom, há comida boa”.