Manjericão: Frescura Verde na Cozinha de Verão
O manjericão é o aroma dos dias quentes. Fresco, herbáceo, com um toque ligeiramente adocicado, é uma das ervas mais simbólicas da cozinha mediterrânica. Em Portugal, embora não tão enraizado na tradição como o alecrim ou os coentros, o manjericão tem vindo a conquistar o seu espaço — sobretudo na cozinha contemporânea e urbana, onde o seu sabor vivo e versátil encontra novas formas de expressão.
É uma erva que pede cuidado e respeito. Que não se submete à cozedura prolongada. Que prefere o toque final. E que, bem tratada, retribui com uma presença leve, mas inconfundível.
Origens e Viagens do Manjericão
O manjericão (Ocimum basilicum) tem origem na Índia e no sudeste asiático, onde ainda hoje se encontram variedades selvagens e cultivares de perfume intenso. Foi levado para a Europa através de rotas comerciais antigas, encontrando terreno fértil no clima mediterrânico, onde prosperou e se adaptou.
O seu nome vem do grego basilikon, que significa “planta real”. E não é exagero: o manjericão sempre foi associado à nobreza dos sabores, à delicadeza dos perfumes e à beleza das folhas verde-brilhantes.
Na Europa do Sul, especialmente em Itália e sul de França, tornou-se base de molhos frescos, massas, saladas e conservas. Em Portugal, é mais conhecido pelas suas versões ornamentais, que enfeitam festas populares, varandas e janelas — mas a variedade culinária, quando bem cultivada, oferece muito mais do que cor.
Usos do Manjericão na Cozinha Portuguesa
Em território nacional, o manjericão fresco surge sobretudo nas cozinhas que exploram influências mediterrânicas ou internacionais. É cada vez mais comum encontrá-lo em pratos com tomate, massas frescas, queijos suaves ou azeites aromatizados.
Não substitui os coentros, o tomilho ou o orégão — não é essa a sua função. O manjericão tem identidade própria: é suave mas directo, fresco mas expressivo, elegante mas acessível. E quando usado no tempo certo — no fim da cozedura ou em cru — transforma pratos simples em composições cheias de vida.
Receitas com Manjericão
A seguir, três receitas onde o manjericão brilha com naturalidade, respeitando o seu carácter e a sua frescura.
1. Salada de Tomate, Mozzarella e Manjericão
Ingredientes:
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Tomates maduros (de preferência coração de boi)
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Bolinhas de mozzarella fresca
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Folhas de manjericão fresco
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Azeite virgem extra
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Sal e pimenta preta
Preparação:
Corte os tomates em rodelas grossas, disponha com a mozzarella e espalhe folhas inteiras de manjericão. Regue com azeite, salpique com sal e pimenta. Esta salada não precisa de mais nada. O manjericão contrasta com a acidez do tomate e suaviza a cremosidade do queijo. Simples, mas memorável.
2. Massa com Pesto de Manjericão
Ingredientes:
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1 molho de manjericão fresco
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1 dente de alho
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30 g de pinhões (ou nozes)
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50 g de queijo parmesão ralado
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Azeite virgem extra
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Sal
Preparação:
Triture o manjericão com os restantes ingredientes até formar um creme espesso. Coza a massa a gosto, escorra e envolva no pesto. Este clássico italiano adapta-se perfeitamente ao paladar português, sobretudo quando preparado com produtos de qualidade e respeito pela frescura dos ingredientes.
3. Azeite Aromatizado com Manjericão
Ingredientes:
Preparação:
Lave e seque muito bem o manjericão. Coloque num frasco de vidro esterilizado e cubra com o azeite. Deixe repousar durante uma semana em local escuro. Use para temperar saladas, legumes grelhados ou pratos de peixe. Um azeite com alma verde, perfumado e subtilmente doce.
Cultivar Manjericão: Um Cuidado Compensador
O manjericão é sensível. Gosta de calor, solo fértil e regas regulares, mas sem encharcar. Não resiste a frio nem correntes de ar. Deve ser colhido com frequência para estimular novos rebentos e impedir a floração precoce.
É ideal para cultivar em vasos, varandas ou pequenos canteiros, desde que tenha sol directo e algum abrigo. A recompensa é diária: folhas verdes, perfumadas e sempre prontas para dar sabor à cozinha.
O Manjericão Como Gesto de Frescura
Na sua essência, o manjericão representa um tipo de cozinha que valoriza o presente — o momento certo, o toque final, o respeito pelos ingredientes. Não sobrevive a longas cozeduras nem a preparações apressadas. Mas numa fatia de pão tostado, numa colher de molho acabado de fazer ou num prato de massa servido no momento certo, faz toda a diferença.
O manjericão não impõe — insinua-se. E essa é, talvez, a sua maior força.