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Espargos: Uma Delícia Milenar Sabias que os espargos são apreciados pela humanidade há mais de 5.000 anos? Este vegetal elegante, que hoje enriquece pratos gourmet e dietas saudáveis, tem uma história surpreendentemente rica — cheia de imperadores, faraós e banquetes romanos. Vamos embarcar numa viagem no tempo e descobrir como os espargos passaram de planta selvagem das dunas a estrela das cozinhas da antiguidade. Os Espargos... uma história secular! Valerá a pena descrever esta planta que todos conhecem? Questionava-se Alexandre Dumas no seu Grand Dictionnaire de Cuisine, publicado postumamente em 1873. O autor de O Conde de Monte Cristo e Os Três Mosqueteiros, entre outras obras, optou por omitir a descrição de um vegetal que já era amplamente conhecido há mais de 2.000 anos! Embora tenham sido reservados, até algumas décadas atrás, a uma elite apreciadora e regional, os espargos conquistaram o coração e o estômago dos consumidores, tornando-se um ingrediente essencial na gastronomia moderna. A primeira referência escrita sobre este maravilhoso legume encontra-se no livro De Agri Cultura, do escritor romano Catão, datado de 150 a.C.. Naquela época, assim como hoje, os espargos só podiam ser colhidos na terceira primavera. Dos Deuses Chineses aos Faraós Egípcios Tudo começou há cerca de cinco milénios, na China antiga. Registos históricos indicam que os imperadores daquele tempo, considerados deuses em vida, já se deliciavam com pratos de espargos preparados com grande criatividade. Era uma iguaria digna da nobreza, e parece que o seu sabor delicado conquistou rapidamente os paladares mais exigentes. Mas os chineses não eram os únicos apaixonados por este vegetal. No Egipto dos faraós, os espargos também faziam parte da dieta dos mais poderosos. Pinturas murais descobertas em túmulos reais, como os frescos bem preservados da pirâmide de Sakkara (cerca de 2700 a.C.), mostram claramente que este vegetal era valorizado não apenas como alimento, mas também como símbolo espiritual e cultural. O Espargo e o Seu Desenvolvimento O espargo (Asparagus officinalis)** é uma planta perene que se desenvolve ao longo de vários anos. A sua parte superior pode atingir até dois metros de altura, morrendo no outono. Na primavera, a partir das raízes, surge então o tão desejado espargo. O que dizer sobre um legume que já nos tempos romanos era tão apreciado e considerado um artigo de luxo? Já naquela época, os escravos encarregados de preparar os espargos na cozinha tinham um estatuto especial, pois lidavam com um ingrediente de grande delicadeza e valor. Na coleção de receitas de Apicius, o mais antigo conjunto de receitas conhecido, encontramos a seguinte descrição: "Lava os espargos, enxuga bem, coloca de novo em água quente e volta a ferver." Curiosamente, não há qualquer referência aos temperos fortes comuns da época, o que prova que, já naquela altura, os espargos eram tratados com distinção, sendo valorizados pelo seu sabor puro e natural. Plínio, Pompeia e o Prazer de Comer Espargos O naturalista Plínio, o Velho, dedicou várias linhas ao espargo na sua enciclopédia Naturalis Historia. Além de considerá-lo uma planta medicinal, Plínio distinguia entre o espargo silvestre e o cultivado — prova de que os romanos já dominavam a sua produção com grande detalhe. Nas paredes de Pompeia, preservadas pela erupção do Vesúvio, podem-se encontrar pinturas de diversos produtos alimentares, como alho, uvas, mexilhões, abóbora e muitos outros. Os espargos, por sua vez, aparecem mergulhados em molho, tal como ainda hoje são frequentemente comercializados. De Planta Selvagem a Estrela Gastronómica Durante séculos, os espargos selvagens foram quase esquecidos, ofuscados pelas variedades cultivadas que encontramos hoje nos mercados. No entanto, recentemente, os espargos silvestres voltaram a ganhar destaque na alta gastronomia, especialmente devido a importações de países como México, Grécia e França. Passaram-se séculos… Hoje, os espargos são cada vez mais utilizados! E a criatividade dos chefs não tem limites — novas receitas e preparações são descobertas diariamente. Final de abril e maio é a época perfeita para apreciá-los. Sirva-se! Curiosidade Final Da próxima vez que comeres espargos, lembra-te de que estás a saborear um vegetal que foi adorado por faraós, saboreado por imperadores romanos e respeitado por civilizações inteiras. Não é todos os dias que temos um prato com tanta história à mesa, pois não?
by LeChef, myfoodstreet.ch
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