A Pele que Deixei pelo Caminho Os pedaços que já não me servem Há fases da vida em que deixamos pedaços de nós para trás. Não porque queremos… mas porque precisamos. A pele antiga já não serve. Aperta. Rói. Limita. E chega o momento de largar — mesmo que não saibamos ainda o que vem a seguir. Já deixei muitas peles pelo caminho. Umas foram arrancadas. Outras, deixei cair com tempo e silêncio. E cada uma levou consigo uma versão minha que já não podia continuar. Despir o que já não somos Despir-se de velhos hábitos, ideias, medos e personagens… É uma nudez desconfortável. Porque a gente veste coisas para pertencer, para agradar, para sobreviver. Mas chega um dia — nem sempre anunciado — em que o corpo e a alma gritam: “Basta!” E aí… deixas de fingir. Deixas de agradar. Deixas de caber num molde onde nunca estiveste por inteiro. As peles que ficaram nos outros Algumas versões minhas foram moldadas por mãos alheias. Por relações que exigiam certas atitudes. Por trabalhos que pediam personagens. Fui tanta coisa que já não sou. E às vezes, o mundo ainda me devolve essas versões — como se eu ainda as usasse. Mas já não me reconheço nelas. Não sou mais o que esperavam de mim. E também não quero mais ser. Dizer isto em voz alta… é liberdade. Mas também é solidão. Porque nem todos sabem lidar com quem muda. O medo de mudar e não ser reconhecido Há um medo antigo de perder os outros quando nos encontramos a nós. E sim, às vezes acontece. Mudas. Cresces. Evoluis. E alguém olha para ti como se tivesses traído quem foste. Mas não. Apenas tiraste a pele que já não te protegia. Que já te doía. A mudança não é traição. É renascimento. E nem todos renascem contigo. E está tudo bem. A leveza de ser quem se é Depois da dor… vem a leveza. A primeira respiração sem esforço. O primeiro “não” dito com firmeza e paz. O espelho a refletir alguém mais inteiro, mais calmo, mais verdadeiro. E descobres que não precisas de tantas camadas. Que ser quem és — sem filtros, sem desculpas — é, afinal, mais simples do que imaginavas. A liberdade não está em ser tudo. Está em ser só o que és. Deixei peles… ganhei essência Cada camada que deixei pelo caminho levou um pouco da versão que criei para sobreviver. E com isso, ganhei espaço para viver. Hoje, carrego menos — mas sou mais. Falo menos — mas digo mais. Sorrio com menos culpa. Amo com mais presença. A essência não precisa de disfarces. Nem de permissão. A essência… é o que fica depois de tudo o resto ir embora. Conclusão: Tu também estás em mudança? Se sentes que já não cabes na pele que usas… Se há versões tuas que te cansam, te limitam, te afastam… Talvez estejas na fase de mudar. De largar. De nascer de novo. Não tenhas medo de deixar pelo caminho o que já não és. A pele antiga serviu o seu tempo — mas já não és tu. E acredita: O que está para vir… vai caber-te muito melhor.
INDEX CULINARIUM XXI, Divulgação Global