Coisas que Não Digo… Mas Ficam

O silêncio como linguagem

Há palavras que não chego a dizer. Ficam ali, presas entre o pensamento e a garganta.
Querem sair, mas tropeçam no medo. No receio de não serem bem recebidas, de parecerem demasiado, de virem fora de tempo.

E então calo.
Mas o que não digo… não desaparece.
Fica.
Em mim.
Entre nós.
Nas entrelinhas das conversas. Nos olhares desviados. Nos gestos que dizem tudo, sem dizer nada.

O peso dos não-ditos

Crescemos a acreditar que há coisas que não se dizem.
"Isto não se comenta." "Aquilo não se confessa."
Mas o corpo escuta tudo. E guarda.
E um dia, sem avisar, fala por nós.

Às vezes numa insónia.
Noutras, numa ansiedade sem nome.
Ou naquela lágrima que cai a despropósito, durante um filme qualquer.

O que não dizemos tem peso.
E quanto mais o evitamos, mais fundo se entranha.
E mais difícil é libertar.

As palavras que ficaram a meio caminho

Já me aconteceu compor frases inteiras na cabeça e não chegar a dizê-las.
"Desculpa." "Tenho saudades." "Preciso de ti."
Ou até… "Não quero mais."

Todas essas palavras ficaram.
Algumas, por orgulho. Outras, por cobardia.
Mas nenhuma delas por falta de sentimento.
A verdade é que senti. Intensamente. Só não consegui dizer.

E hoje, ainda me pergunto o que teria mudado se tivesse dito.
Talvez nada. Talvez tudo.

Medo de incomodar, de falhar, de ser demais

Muitas vezes, calar não é falta de vontade — é excesso de cuidado.
Não quero ser peso. Não quero ser drama.
Quero ser leve, parecer forte.
E nesse esforço para não incomodar, acabo por me abandonar.

Quantas conversas adiei para não magoar?
Quantos sentimentos engoli para não complicar?

E no fim… acabei por magoar-me a mim.

A solidão de quem cala

Há uma solidão estranha que nasce no meio do silêncio.
Não é por falta de companhia — é por falta de escuta verdadeira.
E a pior parte é que ninguém percebe que estás a gritar por dentro.

Aprendi que os outros só ouvem o que dizemos.
O que calamos… ninguém adivinha.
E, no entanto, é o que mais nos define.

Quando finalmente dizemos…

Mas há dias em que as palavras rompem.
Saltam cá para fora, mesmo que não sejam perfeitas.
E há algo de libertador nesse momento.

Pode doer. Pode afastar.
Mas também pode curar.

Porque o que é dito deixa de pesar só em nós.
E mesmo que o outro não saiba o que fazer com o que ouviu…
pelo menos, já não nos pertence apenas a nós.

Escrever como forma de dizer

Talvez seja por isso que escrevo.
Para dizer o que não consigo falar.
Para organizar o caos.
Para dar nome ao que me atravessa.

Escrever é uma forma de falar baixinho.
De contar o que ficou entalado.
De libertar o que pesa, sem precisar de aplausos, nem respostas.

Conclusão: E tu, o que ficaste por dizer?

Se leste até aqui, talvez tenhas também algumas palavras guardadas.
Talvez ainda haja frases inteiras por completar.
Coisas que não disseste por medo, ou por timing, ou por silêncio aprendido.

Só te deixo isto:
Nem sempre é preciso dizer em voz alta.
Mas é preciso, pelo menos, reconhecer o que se sente.

Porque aquilo que não se diz… fica.
E com o tempo, acaba por falar de nós — mesmo quando juramos que está tudo bem.

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