ILHA

 

A Ilha Deserta: Quando a Solidão Dá Lugar ao Sonho

No coração do oceano… o silêncio

Num canto longínquo do mundo, onde o oceano se funde com o céu e o horizonte se perde no azul infinito, existia uma ilha deserta. Silenciosa, esquecida, varrida pelos ventos e pelas marés, era apenas mais um ponto no mapa. Uma mancha de terra escondida da pressa do mundo.

Nela, uma floresta densa guardava histórias de outros tempos — árvores milenares, troncos secos e restos das marés-cheias, marcas de vida que passara… ou que ali se perdera. A mãe natureza seguia o seu curso, cuidando, como podia, daquele pedaço de terra que, apesar do abandono, ainda respirava.

Terra de ninguém, sonho de todos

Aquela ilha nunca fora abrigo. Não oferecia nada — nem água doce, nem segurança. A água salgada não sacia, e a longa distância de outros portos tornava qualquer aproximação difícil, senão impossível.

Era o tipo de lugar que todos gostariam de visitar por um dia… mas ninguém ousava ficar. Um refúgio utópico apenas nos sonhos, que rapidamente se esfumavam perante a realidade do isolamento. Esquecida, quase amaldiçoada, a ilha permanecia intocada… e indiferente.

Alguns piratas furtivos cruzavam os seus mares, talvez para esconder segredos, talvez em busca de algo que nem sabiam definir. Mas ali, não havia promessas. Apenas silêncio.

Chegada do forasteiro: o começo de tudo

Mas um dia, alguém chegou.

Um forasteiro. Um sonhador. Alguém guiado não pelo acaso, mas por uma inquietação interior — por um desejo de recomeço. E foi ali, naquela ilha esquecida, que decidiu parar. Trazia sede. Mas não era apenas sede de água. Era sede de vida, de propósito, de criação.

Sozinho, sem plateia, sem validação, começou a cavar. Os que o vissem, se houvesse alguém ali para ver, teriam chamado louco. Teriam rido, apontado o dedo, talvez até insultado. Mas ele não ouvia vozes que não existiam.

Apenas seguia a sua própria.

Cavou. Mais fundo. 50… talvez 70 metros. Até que, enfim, encontrou o que procurava: água doce. Água pura. Água viva.

Transformação inevitável: onde há água, há vida

O impossível tornara-se real.

E como a natureza de tudo o que vive é crescer, a ilha começou a transformar-se. A notícia espalhou-se como o vento. Primeiro vieram uns poucos curiosos. Depois, investidores. Seguiram-se casas. Hotéis. Turistas. Negócios. Expectativas. Ambições.

À volta das fogueiras noturnas, queimaram-se os troncos milenares, outrora protegidos pelo silêncio. A floresta, antes intocada, tornou-se combustível para o conforto dos recém-chegados.

A ilha deserta… deixou de o ser.

Vieram os barcos carregados de gente. Gente apressada, indiferente, sedenta por consumir, construir, conquistar. Afinal, onde há água, há vida. Mas, por vezes, também há destruição.

O silêncio de quem parte sem sede

Mas ele, o forasteiro… não ficou.

Não era ali que desejava viver. Não procurava reconhecimento, nem poder. Tinha vindo apenas por sede. E uma vez saciada… partiu.

De regresso à terra firme, levou consigo apenas o que tinha dentro — a visão, a fé, a capacidade de sonhar. E com o pouco que possuía, construiu uma nova ilha. Numa terra qualquer.

Não era uma ilha geográfica. Era um espaço de alma. Um recanto de liberdade, de prazer, de contemplação.

Ali havia água… vinho… e outros deleites.

Mas desta vez, não queria multidões. Não queria consumo. Queria paz.

Cercou a ilha com o mar, criando distância. Não como forma de exclusão, mas como proteção. Para que ninguém ali entrasse sem antes compreender o valor do silêncio, do respeito, da criação.

Reflexão: quem somos nas ilhas que criamos?

Quantas vezes procuramos ilhas para escapar — ilhas interiores ou físicas? Lugares onde possamos simplesmente respirar sem ser julgados, criar sem ser destruídos?

A história do forasteiro não é apenas sobre água. É sobre propósito. Sobre o que acontece quando somos fiéis àquilo que nos move, mesmo quando o mundo nos ignora ou nos critica.

E, sobretudo, é sobre saber quando partir.

Nem tudo o que criamos precisa de ser nosso para sempre. Às vezes, o maior ato de liberdade é construir… e deixar ir.

Talvez o que nos define não seja o que possuímos, mas as ilhas que ousamos sonhar — e onde temos a coragem de plantar vida, mesmo no mais deserto dos lugares.

Conclusão: E tu? Já encontraste a tua ilha?

Vivemos rodeados de ruído, de pressa, de expectativas alheias. E, no entanto, há sempre uma ilha deserta à espera de ser descoberta dentro de cada um de nós.

Pode estar coberta de mato, esquecida pelas marés, abandonada pelo tempo. Mas se tiveres sede suficiente… talvez, como o forasteiro, sejas capaz de encontrar a água que te transformará para sempre.

E depois… poderás escolher: ficar e ver a ilha mudar contigo, ou partir e criar outra, onde só entra quem também souber o valor da sede, do silêncio, e do recomeço.
by pedro de melo

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