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DERROTAS De derrota em derrota, arrastas o monstro, caminho acima, puxando-te para o abismo. Nos cenários de dor, o perder está presente diariamente—uma sombra que nunca se dissipa. Numa vida de rituais, quebra-se o brilho dos sentimentos mais profundos. O que antes reluzia agora desvanece, sufocado pela repetição, pelo peso do tempo, pelo silêncio que se impõe. Perde-se por um, perde-se por mil. Perde-se o que se queria, o maior anseio de uma vida, como um vento que leva tudo num único sopro. De um dia para o outro. Sem aviso, sem explicação, sem mais que isso. O mar seca sem água. O que era imenso torna-se nada. As ondas que antes bramavam agora não têm força para regressar à costa. E, no vazio que sobra, apenas a certeza de que o fim chegou. Mas fechar a porta não é solução. Fechar a porta não apaga a dor, não elimina a memória, não redefine a jornada. O fim aparente pode ser apenas um novo começo, disfarçado de despedida. A derrota não é apenas o fim de algo, mas também o início de um novo ciclo, um despertar forçado, uma lição amarga que ensina sem palavras. Há derrotas que esmagam, que desorientam, que fazem duvidar da própria existência. Mas há também aquelas que reconstroem, que ensinam, que preparam para o que vem depois. A dor da perda é real, mas não eterna. O que hoje parece irreversível, amanhã pode ser apenas uma cicatriz—uma marca do que foi, mas não do que será. Porque, no fim, a derrota só é definitiva para quem desiste de continuar. E às vezes, tudo o que é preciso é ter coragem para abrir outra porta. |
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by pedro de melo |