A Culpa… Entre a Condenação e a Liberdade Interior A palavra culpa carrega consigo um peso ancestral. O seu significado, fortemente associado ao pecado, à transgressão de algo previamente considerado errado ou maldoso, não nasceu por acaso. Foi, em grande parte, uma criação bíblica e, muitas vezes, machista, que ditava: se não for descoberta, deve ser confessada.
O Julgamento que Nunca Falha Na lógica das escrituras, quem é culpado — e apanhado — é condenado e paga pelo que fez. Na Bíblia, ninguém escapa. Mas o livro sagrado vai ainda mais longe: não basta punir quem erra, é preciso carregar-lhe a alma de culpa. Mesmo que não haja condenação pública, a má consciência é inevitável. É como uma sombra que persegue, lembrando, todos os dias, que um ato, uma palavra ou até um pensamento foi errado.
A Confissão: Entre o Alívio e a Submissão Se a consciência for forte o suficiente para inquietar, a confissão torna-se obrigatória. E aí, não se esconde nada. De joelhos — numa posição claramente submissa —, despeja-se tudo: o que se fez e o que não se fez, alimentando talvez fantasias de quem ouve. E, como manda a doutrina, é melhor falar demais do que omitir. Assim, até o silêncio é visto com desconfiança. Muitas vezes, estas confissões nascem de listas mentais preparadas em retiros de reflexão, onde a introspeção é misturada com a pressão de não deixar escapar nenhum detalhe, como se a salvação dependesse de uma exatidão cirúrgica no relato.
O Peso Invisível que Aperta a Alma Sentir-se culpado é doloroso e sufocante. Carregar a sensação constante de erro ou falhanço torna o dia-a-dia mais difícil, mais pesado, mais apertado no peito. E o mais paradoxal? Muitas vezes, esse peso existe apenas porque alguém nos ensinou que a fronteira entre a culpa e o perdão é quase inexistente. A lógica é cruel:
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A culpa é assumida no momento do erro.
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O perdão, porém, vem de um Deus num dia qualquer — um dia que não sabemos quando será.
Há algo de profundamente errado neste cenário… e talvez não esteja em nós, mas no próprio sistema que o sustenta.
A Responsabilidade que Liberta Viver de forma plena e consciente não significa não errar. Significa assumir, com clareza e olhos de ver, a nossa fraqueza e os nossos deslizes — sejam eles momentâneos ou recorrentes ao longo da vida. Mais do que confessar por obrigação, o verdadeiro caminho é admitir o que poderia ter sido feito melhor. E, se à nossa frente houver alguém atento e disposto a ouvir, um pedido sincero de perdão vale mais do que qualquer ritual de confissão. O perdão humano, dado de coração aberto, pode ser mais curador do que qualquer absolvição formal. Porque ele nasce do olhar nos olhos, não de um intermediário entre nós e a nossa própria consciência.
Quando a Culpa se Dissolve E se a culpa, afinal, não existisse? E se fosse apenas uma construção, um mecanismo de controlo, uma forma de domesticar corações e vontades? Se assim for, o peso desaparece e o que fica é responsabilidade. Não a responsabilidade imposta de fora para dentro, mas a que nasce do próprio ser:
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Reconhecer o erro.
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Aprender com ele.
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Procurar reparar o que foi ferido.
Não é preciso um altar para isso. Não é preciso uma sentença divina. Basta coragem para assumir e humildade para mudar.
Reflexão Final: Deus me Perdoe… ou Talvez Não Precise Talvez a maior libertação seja compreender que a culpa, como a conhecemos, não existe. Que não precisamos viver curvados sob um peso que não é nosso. Que a verdadeira redenção está no gesto honesto, no reconhecimento do impacto que temos nos outros e na nossa capacidade de fazer diferente. E, no fim, se ainda quisermos, podemos sussurrar: “Deus me perdoe…” — não por medo, mas como um ato de gratidão pela vida e pela possibilidade de recomeçar.by pedro de melo, 2022
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