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Banal Realidade – Entre o Tempo e a Desatenção

A vida raramente se desenha como imaginámos.
A realidade que nos guia — quer a desejemos, quer não — é o palco onde se desenrola a nossa história.
É também o confronto diário que nos molda: nas lutas silenciosas, nos reencontros inesperados, nas escolhas que não tivemos coragem de fazer.

O Tempo que Avança Sem Pedir Licença

Em passos meigos e suaves, como se caminhasses sobre uma nuvem que te envolve, os dias transformam-se:
De cinzentos a azuis.
De sombras a luz.

É uma evolução misteriosa, que nem tu consegues compreender por inteiro.
O tempo avança sem pedir permissão, sem esperar que estejas pronto para o que vem a seguir.
E tu, muitas vezes, corres atrás dele… ou ficas parado, a vê-lo escapar.

Quando o Tempo Joga a Teu Favor

Há momentos raros em que o calendário parece ajustar-se às tuas necessidades.
Luxo? Sim.
Milagre? Talvez.

Quando o tempo decide jogar a teu favor, é como se o universo te desse um intervalo inesperado — um respiro, um espaço para reorganizar os pensamentos e as emoções.
Mas nem sempre sabemos aproveitar.

O Néon que Ilumina Sem Brilho

Mesmo quando tudo parece mais calmo, há sempre um néon estranho a iluminar sem brilho.
Uma luz artificial que abafa o colorido dos dias e rouba intensidade às pequenas alegrias.
Não sabemos até onde essa luz se estende, mas sentimos a sua presença.

E, por vezes, ficar no mesmo lugar parece a melhor solução.
Ou, no mínimo, a mais sensata.

Mensagens que Chegam do Passado

Há mensagens que ficaram.
Outras ainda chegam, como ecos de lutas antigas que insistem em marcar presença.
São sombras persistentes que nos lembram os dias em que a desatenção tomou conta de nós.

Porque o desfoco não é apenas distração:
É também falta de cuidado, falta de presença, falta de escolha.
É estar ali… mas não estar.

O Que Deixamos Escapar

Às vezes, passamos ao lado — quer queiramos, quer não.
Chamam-lhe desinteresse.
Chamam-lhe banalidade.

Mas talvez seja apenas o reflexo daquilo que deixámos escapar.
Pequenos momentos, gestos simples, oportunidades que não agarrámos.
E a banal realidade, com o seu peso silencioso, vai-se instalando… sem pedir licença.by pedro de melo, 2019

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