In memoriam Felícia de Assunção Pailleux

No ocaso da semana passada, fomos surpreendidos com a triste notícia do falecimento de Felícia de Assunção Pailleux (1927-2023), que ao longo das últimas quatro décadas foi a porta-estandarte de Portugal nas comemorações anuais da Batalha de La Lys. Uma batalha travada na Flandres, a 9 de abril de 1918, que marcou tragicamente a participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), e que constitui o maior desastre militar português a seguir à Batalha de Alcácer Quibir no séc. XVI.


Felícia de Assunção Pailleux (1927-2023)


Conquanto a presença da comunidade portuguesa em França, a mais numerosa das comunidades lusas na Europa, rondando um milhão de pessoas, esteja historicamente ligada ao processo de reconstrução gaulesa após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a emigração portuguesa para França está originariamente ligada à participação do Corpo Expedicionário Português (CEP) na frente europeia da Grande Guerra. Acontecimento bélico que levou para França em 1917 cerca de 55 mil portugueses para lutar nas trincheiras dos aliados britânicos contra o inimigo alemão, e do qual milhares de soldados não regressaram, optando por se tornarem emigrantes em terras gaulesas.

Ainda hoje, existem descendentes destes soldados e emigrantes lusos que preservam a sua memória e zelam o cemitério militar português de Richebourg, no norte de França, um cemitério militar exclusivamente português, que reúne um total de 1831 militares mortos na frente europeia. Era o caso paradigmático da nonagenária Felícia de Assunção Pailleux, filha do soldado e depois emigrante João Assunção, um minhoto de Ponte da Barca, que fez parte da 2ª Divisão do CEP, e que como outros compatriotas que optaram no final do conflito bélico por não regressar a Portugal, onde grassava uma profunda crise política, económica e social, fixou-se na zona onde combateu, no Norte-Pas de Calais, uma zona de minas de carvão que absorveu muita mão-de-obra.

Ao longo das últimas quatro décadas, Felícia de Assunção Pailleux foi a porta-estandarte da bandeira de Portugal nas cerimónias evocativas da Grande Guerra no cemitério de Richebourg e no monumento aos soldados lusos em La Couture, no Norte-Pas de Calais, honrando a memória do seu pai, soldado e emigrante português falecido em 1975, que muito antes da emigração massiva dos anos 60 escolheu como muitos outros antigos companheiros de armas a França para viver, trabalhar e constituir família.

O incansável papel de dinamização e perpetuação da memória dos saldados portugueses tombados em combate no decurso da Grande Guerra concorreu para em 2018, no decurso das comemorações do centenário da Batalha de La Lys, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, distingue-se numa cerimónia ocorrida no cemitério de Richebourg, Felícia de Assunção Pailleux com a Medalha da Defesa Nacional.

Uma medalha militar portuguesa, justamente atribuída à filha do antigo soldado e depois emigrante João Assunção, criada no alvorecer do séc. XXI, em 4 classes, destinada a galardoar os militares e civis, nacionais ou estrangeiros, que, no âmbito técnico-profissional, revelem elevada competência, extraordinário desempenho e relevantes qualidades pessoais, contribuindo significativamente para a eficiência, prestígio e cumprimento da missão do Ministério da Defesa Nacional.

 

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Morgado de Fafe

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O Morgado de Fafe, personagem literária consagrada na obra camiliana, demanda uma atitude proativa perante o mundo.A figura do rústico morgado minhoto marcada pela dignidade, honestidade, simplicidade e capacidade de trabalho, assume uma contemporaneidade premente.

 


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