As Desilusões que me Ensinaram a Ver Quando a ilusão cai... A desilusão tem má fama. Foge-se dela como de uma doença. Ninguém quer ser desiludido. Mas todos, mais cedo ou mais tarde, somos. Há desilusões suaves — como uma ausência inesperada. Outras são quedas abruptas — como uma verdade descoberta à força. Mas todas elas, sem exceção, têm algo em comum: limpam os olhos. Rasgam o véu da fantasia. E, por mais que doa… ensinam-nos a ver. A verdade escondida por trás do encanto Muitas vezes, não fomos enganados. Fomos nós que quisemos acreditar. Pintámos as pessoas com cores que não tinham. Vestimos relações com promessas que nunca nos foram feitas. Idealizámos. Romantizámos. Prolongámos o prazo da esperança. E não há vergonha nenhuma nisso. Significa apenas que acreditámos. Talvez com demasiado coração. Talvez com pouca escuta. Mas a verdade é esta: ninguém se desilude sem antes ter acreditado profundamente. O chão que falta quando a verdade chega Quando a desilusão chega, o chão foge. Dói. Corrói. Quebra. Dói perceber que o outro não era quem pensávamos. Que a amizade afinal era interesse. Que o amor era dependência. Que a palavra dada nunca foi promessa real. Mas é nesse vazio que se abre espaço. Um espaço novo, limpo, sem ilusões. É aí que começa a verdadeira visão. Ver de verdade: sem véus, sem máscaras Depois da desilusão, vês melhor. Vês quem é genuíno. Quem está contigo por inteiro. Vês quem apenas precisava de ti como espelho, escada ou palco. E sobretudo, começas a ver a ti próprio.
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Percebes onde te traíste só para manter alguém por perto.
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Onde aceitaste menos do que mereces.
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Onde quiseste salvar o que já te estava a afundar.
A dor é o clarão que revela o que antes escolhias não ver. A bênção camuflada da desilusão Sim, leste bem: a bênção. Porque a desilusão, embora ácida, é purificadora. Tira o peso da mentira. Rompe com o faz-de-conta. Recoloca-te no centro da tua vida. É ela que te empurra para a autenticidade. Para as relações verdadeiras. Para escolhas mais conscientes. Sem desilusões, continuaríamos cegos. Presos a versões falsas de nós e dos outros. Reconstruir depois do desmoronamento Depois da desilusão, vem o silêncio. A introspecção. O cansaço da alma. Mas também vem a reconstrução. Mais devagar. Mais verdadeiro. Mais inteiro. Aprendemos a observar melhor. A escutar com outros ouvidos. A escolher com o coração mais sóbrio e a alma mais atenta. E quando voltamos a confiar, já não é cegamente. É com sabedoria. Conclusão: Ver é um ato de coragem Viver com os olhos abertos exige coragem. Coragem para aceitar que nem tudo é como queremos. Que as pessoas são humanas — imperfeitas, falhas, ambíguas. Mas também exige coragem para continuar a amar, mesmo assim. A acreditar, mesmo com feridas. A recomeçar, mesmo depois de cair. As desilusões ensinaram-me a ver. E hoje sei que ver, ainda que doa, é o primeiro passo para ser livre.
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