As prisões invisíveis Há prisões que não se veem. Não têm grades nem guardas — mas estão lá. São feitas de palavras não ditas, promessas adiadas e emoções sufocadas. Feitas das teias que vamos tecendo, sem perceber que um dia… deixamos de conseguir sair delas. Cada "sim" dito quando se queria dizer "não". Cada desculpa para não confrontar. Cada passo travado por medo de desagradar. Tudo isso são fios. Finos, quase impercetíveis. Mas vão-se entrelaçando. E, de repente, estás ali… preso a uma versão de ti que já não reconheces. Silêncios que guardam gritos Há silêncios que parecem calmos. Mas por dentro gritam. São aqueles que se instalam entre pessoas que já não se dizem tudo. Entre amigos que se afastaram sem razão clara. Entre pais e filhos que se olham, mas já não se veem. O silêncio não mente. Mas esconde. Esconde mágoas, ressentimentos, perguntas nunca feitas. Esconde também o medo de ouvir respostas que doem. E o mais cruel de tudo é quando o grito interior não encontra espaço para sair. Fica a ecoar dentro de ti. A cada noite. A cada ausência. A cada vazio. A arte de manter as aparências Vivemos numa sociedade que nos ensinou a sorrir. Mesmo quando estamos a ruir. A mostrar força, mesmo quando não conseguimos levantar o peito. "Não sejas fraco." "Não cries confusão." "Vai com calma, não exageres." E assim se vão engolindo emoções. Com tal mestria que nos tornamos especialistas em fingir. Mas a alma sabe. O corpo sabe. E começa a dar sinais: O cansaço crónico. A ansiedade disfarçada. A raiva mal direcionada. Tudo gritos do que nunca foi dito. Libertar-se exige coragem Romper com a teia não é simples. Não se desfaz com uma decisão só. Nem com um impulso. É um processo. Às vezes lento. Às vezes doloroso. Mas profundamente libertador. É quando decides dizer o que sentes, mesmo que tremas. Quando começas a colocar limites, mesmo que percas pessoas. Quando deixas cair máscaras, mesmo que fiques mais exposto. É o início da tua verdade. E, a verdade, ainda que incomode, tem um poder curativo. Porque cura-te de ti. Falar cura. Ouvir salva. Sentir liberta. Há algo profundamente transformador quando te permites sentir tudo. Sem filtros. Sem pressa. Sem te julgares.
-
Falar com alguém — um amigo, um terapeuta, um desconhecido até — pode salvar-te de ti próprio.
-
Escrever. Gritar. Chorar. Respirar.
-
Tudo isso é sinal de vida. E a vida não é sempre bonita… mas é sempre real.
Não esperes que a dor grite mais alto para fazeres algo. Começa no pequeno. No que consegues agora. Um gesto. Uma palavra. Um não. Um basta. Conclusão: A teia também pode ser cortada Pode parecer que a teia é indestrutível. Mas não é. Tudo o que foi tecido… pode ser desfeito. Fio a fio. E ao desfazer… encontras partes tuas que estavam escondidas ali, presas, esquecidas. Os silêncios que gritavam podem transformar-se em palavras libertadoras. As prisões emocionais podem tornar-se espaços de reconstrução. E a dor… pode dar lugar a autenticidade. Se sentes que estás preso numa teia ou que carregas silêncios há demasiado tempo, lembra-te disto: A libertação não é uma explosão. É um processo. E começa quando te ouves a sério.
PROCURA NO PORTAL DAS COMUNIDADES
ROTEIRO DO REGRESSO A PORTUGAL |
PORTUGAL ESSENTIALS |
BLOCO DE NOTAS, CRONICAS E CONTEÚDOS, PARTICIPA! |
ESCRITOR ADEMIR RIBEIRO SILVA |
INDEX CULINARIUM XXI, Divulgação Global