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Imperador Tibério: O Excesso do Poder e o Quotidiano do Pão

A ascensão de Tibério, enteado de Augusto, marca uma viragem subtil mas decisiva no tom do Império Romano. Subiu ao trono tardiamente, aos cinquenta e cinco anos, precedido por uma reputação de virtude, coragem e disciplina — qualidades herdadas da tradição austera de Augusto. Contudo, o tempo revelou um homem bem diferente daquele que muitos esperavam.

Um reinado mais longo do que o previsto

Quando Tibério foi proclamado imperador, acreditava-se que o seu reinado seria breve. Enganaram-se. Viveu e governou durante mais vinte e três anos, mas não com a retidão moral que a sua imagem inicial prometia.

Cedo se tornou conhecido pela indolência, pelo afastamento dos deveres públicos e pela falta de moderação, tanto na vida privada como na condução do império. A sua tolerância para com os excessos do poder local explica decisões que teriam consequências profundas para a história bíblica.

O poder delegado e a ausência do centro

A nomeação de Pôncio Pilatos como governador da Judeia e a conivência com os abusos da família de Herodes eram reflexo direto do carácter de Tibério. Distante, desconfiado e cada vez mais fechado sobre si próprio, o imperador governava muitas vezes por omissão.

É neste contexto político que se desenrolam os acontecimentos centrais do Novo Testamento. Mais uma vez, a história sagrada e a história imperial cruzam-se não por intenção, mas por consequência.

À mesa de Tibério: o triunfo do prazer

O comportamento de Tibério refletia-se também na sua relação com a comida. O seu tempo foi o tempo de Apício, o mais célebre gastrónomo romano, autor de um livro de receitas e associado à invenção do patê de fígado. A mesa tornara-se palco de requinte, ostentação e demora.

Na mesa imperial serviam-se fígado de vitela, enchidos de porco, cogumelos e sopas riquíssimas. O historiador Plínio menciona a predileção de Tibério pelos espargos, um alimento caro e considerado sofisticado.

Estes pratos estavam longe do alcance do povo comum. A comida tornava-se também um marcador social, separando os que tinham acesso ao luxo dos que viviam do essencial.

A alimentação do povo: simples, mas completa

Enquanto a elite se demorava em longos banquetes, o povo romano alimentava-se de forma simples, nutritiva e variada. O trigo era a base da alimentação, preparado sob a forma de papa ou de pão, segundo inúmeras receitas transmitidas de geração em geração.

As ervas aromáticas davam sabor aos alimentos. O pequeno-almoço e o almoço eram frugais. De manhã, o pão era mergulhado em vinho diluído ou acompanhado de tâmaras, passas, mel, azeitonas ou queijo. As crianças levavam consigo um pequeno pão antes de irem para a escola.

O almoço, servido por volta das onze horas, consistia geralmente em pão ou papas de trigo, salada, azeitonas, queijo, fruta, nozes e, por vezes, restos frios da refeição da noite anterior.

A refeição principal e o ritual romano

A principal refeição do dia era tomada ao final da tarde. Num banquete formal, podiam ser servidos seis ou sete pratos, mas o mais habitual era uma estrutura de três momentos:
  • Gustus – o aperitivo
  • Cena – o prato principal
  • Secunda mensa – a sobremesa
O gustus incluía ostras frescas, outros frutos do mar, peixe salgado ou em conserva e vegetais crus como alface, alho-francês e hortelã. Os ovos eram quase sempre presença obrigatória.

O cena oferecia uma vasta escolha: peixe, carne e aves. Cada convidado podia optar por cabrito, faisão, ganso, presunto, costeletas ou lebre assada. Em ocasiões excecionais, servia-se um prato especial de peixe, muitas vezes lampreia. Os molhos eram abundantes e os legumes variados.

A secunda mensa encerrava o banquete com doces finos ou um patê de mel com nozes picadas e fruta.

A generosidade da terra romana

À volta de Roma estendiam-se vastos jardins que forneciam alcachofras, espargos, feijão, nabos, pepinos, lentilhas, melões, cebolas, ervilhas e abóboras. As frutas e os frutos secos eram abundantes: nozes, avelãs, amêndoas, pêssegos, alperces, cerejas, romãs, maçãs, peras, ameixas e marmelos.

As especiarias mais usadas incluíam anis, funcho, hortelã e mostarda, sabores que ainda hoje encontram paralelo na cozinha mediterrânica e também na tradição portuguesa.

Entre o excesso e o essencial

O menu inspirado no tempo de Tibério inclui pratos que poderiam ter sido servidos à mesa imperial ou numa casa abastada da classe média. Mas o texto recorda algo essencial: quem quisesse partilhar o pão com os pobres precisava apenas de cozinhar uma simples papa.

Este contraste resume o espírito do tempo. De um lado, o excesso; do outro, o essencial. Também hoje, numa sociedade marcada pela abundância e pela desigualdade, a história de Tibério recorda que a mesa revela o coração de um império.

Porque, no fim, não é o número de pratos que define a grandeza de uma civilização, mas a forma como cuida dos mais frágeis.  myfoodstreet.pt  2025

 

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