
Imperador Augusto: Ordem, Paz e a Simplicidade do Poder “Saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo fosse recenseado.” (Lucas 2:1) Poucas figuras da Antiguidade exerceram uma influência tão duradoura e silenciosa sobre a história do mundo como César Augusto. Primeiro governante romano a receber oficialmente o título de “Imperator”, Augusto não foi apenas um conquistador ou estratega militar: foi, acima de tudo, um organizador do mundo, alguém que transformou o caos em ordem e lançou as bases de uma estabilidade sem precedentes.
Do conflito à Pax Romana Augusto participou ativamente nas guerras civis que marcaram o fim da República Romana. Dessas lutas sangrentas emergiu um novo tempo: a Pax Romana, um período de relativa paz, segurança e prosperidade que se estendeu por várias décadas. Foi precisamente nesse contexto de estabilidade que o cristianismo pôde nascer, desenvolver-se e espalhar-se. Estradas seguras, administração eficiente e fronteiras controladas criaram as condições ideais para a circulação de pessoas, ideias e mensagens. A história sagrada e a história política cruzam-se aqui de forma discreta, mas decisiva.
Um decreto que mudou o mundo Para muitos leitores da Bíblia, Augusto é sobretudo recordado por um gesto administrativo: “…para que todo o mundo fosse recenseado.” (Lucas 2:1) O recenseamento imperial obrigou José e Maria a deslocarem-se a Belém, onde Jesus nasceu. Um ato burocrático, pensado para controlar impostos e populações, acabou por transformar uma pequena cidade da Judeia num lugar sagrado para sempre. É um dos grandes paradoxos da história: o poder político, ao tentar organizar o mundo, abriu espaço ao nascimento de uma mensagem que o transcenderia.
O imperador que restaurou o sentido Augusto era profundamente estimado pelo seu povo e respeitado pelos governadores das províncias. Uma inscrição comemorativa do seu aniversário, datada de 7 a.C., afirma que o mundo caminhava para a ruína, mas que ele restabeleceu a ordem e deu à humanidade um novo rumo. Não se tratava apenas de propaganda imperial. Para muitos contemporâneos, Augusto representava segurança após décadas de medo, previsibilidade após o caos, continuidade após a fragmentação.
Cidades erguidas em sua honra O impacto do seu governo refletiu-se também no urbanismo e na geografia política do Império. Herodes, o Grande, construiu a cidade portuária de Cesareia Marítima em honra de Augusto, um centro comercial e administrativo de grande importância. Além disso, a cidade reconstruída de Samaria passou a chamar-se Sebaste, versão grega do nome Augusto, sinal claro da admiração e da necessidade de alinhamento político com Roma.
O paradoxo de um homem poderoso e frugal Apesar de governar o maior império do mundo conhecido, Augusto vivia de forma surpreendentemente simples. As fontes históricas são unânimes ao descrevê-lo como um homem de hábitos espartanos, modesto na roupa, contido na comida e avesso ao luxo excessivo. Preferia refeições simples, compostas por pão, legumes, fruta, queijo e vinho diluído, alimentos comuns à dieta romana tradicional. Esta sobriedade não era apenas pessoal; fazia parte de uma estratégia moral e política: dar exemplo, restaurar valores antigos e combater a decadência associada ao excesso.
A mesa como reflexo do caráter Na Roma de Augusto, a mesa imperial não precisava de ostentação para afirmar poder. Pelo contrário, a contenção tornava-se símbolo de autoridade legítima. Comer de forma simples era afirmar que o governante servia o Estado, e não o contrário. Esta atitude encontra eco na tradição mediterrânica, tão presente também em Portugal, onde a simplicidade — pão, azeite, vinho, legumes — é frequentemente associada à autenticidade e à saúde do corpo e do espírito.
Um legado que ultrapassa o império Augusto garantiu prosperidade material, mas o seu maior legado talvez tenha sido criar um tempo de paz. Sem o saber, preparou o terreno para uma transformação espiritual profunda que começaria num estábulo e mudaria o curso da história. Ao adaptar o menu associado a Augusto, torna-se visível essa tensão entre poder absoluto e vida simples, entre império e humanidade. A sua história recorda que a verdadeira grandeza não se mede pelo excesso, mas pela capacidade de criar ordem, espaço e silêncio para que algo maior possa nascer. Num mundo contemporâneo marcado pela pressa e pela abundância constante, a figura de Augusto convida a uma reflexão serena: nem todo o poder precisa de ruído, nem toda a mesa precisa de excessos. myfoodstreet.pt 2025



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