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Os Apóstolos de Cristo e a Mesa do Caminho

Quando seguir Jesus também passa por comer juntos

No Novo Testamento, os apóstolos não são apresentados como místicos afastados da vida real, mas como homens de mesa, de estrada e de trabalho. Pescadores, cobradores de impostos, homens simples, habituados ao esforço físico e à partilha quotidiana do alimento. Seguir Jesus significou, para eles, aprender a comer de outra forma: não apenas para sobreviver, mas para comungar, aprender e servir.

A gastronomia, ainda que raramente descrita em detalhe, atravessa silenciosamente a vida apostólica. À mesa, os apóstolos aprendem quem é Jesus — e quem são eles próprios.

Pescadores chamados à mesa

Pedro, André, Tiago e João viviam do peixe. O seu quotidiano era feito de redes, barcos e madrugadas. O peixe não era apenas alimento; era meio de subsistência. Ao chamar estes homens, Jesus não os afasta da mesa que conhecem — transforma-a.

Depois da Ressurreição, Jesus aparece-lhes junto ao Mar da Galileia e prepara-lhes peixe assado sobre brasas. Não lhes faz um discurso longo. Dá-lhes de comer. O gesto é profundamente humano e restaurador. A refeição antecede a missão.

Em Portugal, país moldado pelo mar, esta cena ganha densidade particular. O peixe grelhado, simples e partilhado, continua a ser símbolo de sustento e encontro. A fé, como o peixe, alimenta melhor quando é simples.

Mateus e a mesa da conversão

Mateus, cobrador de impostos, convida Jesus para um banquete na sua casa. À mesa sentam-se outros cobradores e pecadores. O escândalo não está no que se come, mas com quem se come.

Jesus responde à crítica com uma frase decisiva:
“Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes.”

A mesa torna-se lugar de conversão e reconciliação. Comer com Jesus muda vidas. Não por moralização, mas por proximidade.

Também na realidade portuguesa, quantas conversões silenciosas acontecem à mesa — numa sopa partilhada, numa conversa longa, num copo de vinho servido com respeito?

O pão repartido entre todos

Os apóstolos estão presentes na multiplicação dos pães. São eles que organizam a multidão, recolhem os pedaços, aprendem que nada se perde quando tudo se reparte.

Mais tarde, no caminho de Emaús, dois discípulos reconhecem Jesus ao partir do pão. Não o reconhecem pela voz, nem pelo rosto, mas pelo gesto. A identidade revela-se à mesa.

O pão, alimento central também na cultura portuguesa, atravessa assim toda a experiência apostólica: pão que ensina, pão que revela, pão que une.

A Última Ceia: escola dos apóstolos

Na Última Ceia, os apóstolos aprendem mais do que em muitos discursos. Jesus lava-lhes os pés, parte o pão, oferece o vinho. A mesa torna-se escola de humildade e serviço.

Nem todos compreendem. Um trai. Outro nega. Mas todos comem. A mesa não exclui os fracos; antecipa a misericórdia.

Aqui nasce a Igreja: não numa assembleia formal, mas numa refeição partilhada.

Após Pentecostes: comer em comunidade

Os Atos dos Apóstolos descrevem a vida da primeira comunidade cristã de forma simples e luminosa:

“Perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, na fração do pão e nas orações.”

Comer juntos era parte essencial da fé. Não havia separação entre o espiritual e o material. O alimento era partilhado segundo a necessidade de cada um.

Esta visão aproxima-se de muitas tradições portuguesas, onde a refeição comunitária — da festa da aldeia ao almoço de família — continua a ser lugar de pertença.

Paulo: comer para não escandalizar

Paulo, apóstolo dos gentios, reflete profundamente sobre a alimentação. Defende a liberdade, mas coloca o amor acima de tudo:

“Se um alimento escandaliza o meu irmão, nunca mais comerei carne.”

Para Paulo, comer é um ato ético. A mesa deve construir, não dividir. A gastronomia torna-se linguagem de cuidado.

Num mundo plural, como o nosso, esta atitude continua atual: não é tudo o que é permitido que é benéfico.

Jejum, escassez e missão

Os apóstolos conhecem a fome, o jejum e a precariedade. Viajam, dormem fora, dependem da hospitalidade. Comer torna-se ato de confiança. A missão é sustentada pelo que recebem.

Esta experiência aproxima-os de tantas realidades portuguesas de outros tempos — migração, trabalho duro, refeições improvisadas — onde o pão partilhado salvava o dia.

Conclusão: a mesa como caminho apostólico

Os apóstolos aprenderam que seguir Jesus não é afastar-se da vida, mas transformá-la a partir da mesa. Comer com Jesus ensinou-lhes a servir, a perdoar, a esperar.

Hoje, cada mesa onde se reparte com justiça, cada refeição vivida com gratidão, prolonga essa tradição apostólica. Porque, no fundo, a fé cristã continua a passar por um gesto simples: sentar-se, partir o pão e permanecer juntos.  myfoodstreet.pt  2025

 

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