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Salomão: Sabedoria, Abundância e a Mesa do Esplendor

“O rei Salomão era mais rico e mais sábio do que todos os reis da terra.”
(1 Reis 10:23)

Com Salomão, a história de Israel atinge um dos seus momentos mais luminosos. O seu reinado não foi apenas uma era de paz relativa, mas também um tempo de sofisticação cultural, prosperidade económica e abertura ao mundo. À mesa, como no governo, tudo refletia ordem, abundância e intenção.


Israel como encruzilhada do mundo

Sob o governo de Salomão, Israel transformou-se num centro comercial de primeira grandeza. Os seus navios percorriam rotas marítimas que ligavam o Mediterrâneo oriental à Fenícia, ao Egito, à Sardenha e possivelmente à Península Ibérica, onde hoje se encontra Portugal. Por terra, caravanas de camelos cruzavam o deserto rumo à Arábia.

Entravam no reino madeiras raras, metais preciosos, tecidos finos e objetos de luxo. Em troca, saíam grãos, azeite, vinho, mel, frutos secos e ervas aromáticas — produtos que continuam a definir a identidade alimentar mediterrânica, tão próxima da tradição portuguesa.

Salomão introduziu novas plantas e alimentos em Israel e trouxe especiarias exóticas para a cozinha real, elevando a gastronomia a uma forma de diplomacia e expressão cultural.


Uma coroação entre trombetas e urgência

A coroação de Salomão foi tudo menos tranquila. Apressada pela ambição do seu irmão mais velho, Adonias, que se autoproclamara rei enquanto David agonizava, a sucessão esteve por momentos em risco.

Enquanto Adonias preparava o seu banquete de coroação junto à fonte de Rogel, Betsabé e o profeta Natã intervieram. Convenceram o rei David a proclamar Salomão como legítimo herdeiro. Sob proteção de homens fiéis, Salomão foi ungido rei em Giom, não longe do local onde Adonias celebrava.

Quando o som das trombetas anunciou a verdadeira coroação, os seguidores de Adonias dispersaram-se rapidamente. Alguns, talvez, acabaram mesmo à mesa de Salomão, num banquete improvisado, mas digno de um rei.


Um banquete digno de um reinado

Para uma celebração rápida, mas solene, seria essencial um prato simples, nobre e saboroso. O peixe-galo com taratoor, servido com alho-francês e legumes, corresponde perfeitamente a esse espírito: alimento do mar, temperado com elegância, adequado à dignidade real.

O peixe fresco poderia ter vindo dos viveiros de Hesbom, celebrados poeticamente no Cântico dos Cânticos:

“Os teus olhos são como os tanques de Hesbom, junto à porta de Bete-Rabim.”
(Cântico dos Cânticos 7:5)

Nada era deixado ao acaso no abastecimento da casa real. Todo o reino participava, segundo um plano rigoroso, assegurado por funcionários nomeados para cobrar e gerir os tributos.


A mesa diária de um grande rei

A abundância exigida pela corte de Salomão era impressionante:

“Trinta sacos de farinha da melhor qualidade, sessenta sacos de outras farinhas, dez bois gordos, vinte bois do pasto e cem ovelhas por dia…”
(1 Reis 5:2–3)

A isto juntavam-se veados, gazelas, corços e aves gordas. Não se tratava apenas de ostentação, mas da necessidade de sustentar uma corte numerosa, diplomatas estrangeiros, funcionários e artesãos. A mesa era também instrumento de governo e hospitalidade.


A Rainha de Sabá e a arte de impressionar

A fama da sabedoria de Salomão espalhou-se por terras distantes. A Rainha de Sabá, atraída pelos relatos, viajou longamente até Jerusalém, trazendo presentes preciosos e especiarias raras. A Bíblia pouco diz sobre os banquetes dessa visita, mas é difícil imaginar que Salomão não tenha recorrido ao melhor da sua cozinha para a impressionar.

A comida, aqui, era linguagem silenciosa de poder, refinamento e inteligência.


Construir para Deus, governar com ordem

Salomão cumpriu o sonho do seu pai David ao construir o Templo de Jerusalém, onde a Arca da Aliança encontrou repouso. Além do palácio real, edificou residências em Megido, Gezer e Hazor, cidades escavadas pelos arqueólogos e testemunhas de um estilo de vida altamente civilizado.

Em Gezer foi descoberta uma placa de pedra do século X a.C., que descreve o calendário agrícola anual. Este texto revela uma sociedade profundamente ligada ao ritmo da terra, das colheitas e das celebrações — um ciclo que ecoa ainda hoje nas tradições rurais portuguesas.


Frutos da terra, símbolos da vida

As escavações em Gezer revelaram restos de trigo, cevada, aveia, feijão, figos, uvas, romãs, azeitonas, pistácios e caroços de alperce. A romã, símbolo de fertilidade e abundância, era presença constante na decoração da casa de Salomão:

“Havia duzentas romãs nas fileiras em redor…”
(1 Reis 7:20)


O ouro à mesa e o mundo aos pés

Quem procura recriar uma refeição ao estilo de Salomão é convidado a usar objetos antigos, especialmente de ouro, pois:

“A prata não era valorizada nos dias de Salomão.”
(1 Reis 10:21)

Os navios de Társis regressavam de três em três anos com ouro, prata, marfim, macacos e pavões — sinais de um império aberto ao mundo e confiante na sua estabilidade.


Uma lição de equilíbrio

O reinado de Salomão ensina que a verdadeira abundância nasce do equilíbrio entre sabedoria, justiça e beleza. A mesa real não era apenas local de excesso, mas de encontro, diplomacia e celebração da criação.

Num país como Portugal, onde o pão, o vinho, o azeite e o peixe continuam a ser pilares da identidade cultural, a herança de Salomão recorda que a prosperidade só é plena quando serve a vida, a comunidade e a memória.

Porque, no fim, a sabedoria também se aprende à mesa. myfoodstreet.pt 2025

 

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