
Maria e Marta: Entre a Mesa Posta e o Coração Atento
“Enquanto viajavam, Jesus chegou a uma aldeia. Havia uma mulher chamada Marta que o acolheu em sua casa. Tinha uma irmã chamada Maria…”
(Lucas 10:38–39)
Há encontros que acontecem em silêncio, no interior de uma casa, longe das multidões. A história de Maria e Marta, irmãs de Lázaro, revela um desses momentos íntimos que atravessam os séculos pela sua simplicidade e profundidade. Em Betânia, pequena aldeia próxima de Jerusalém, Jesus encontrou um refúgio de amizade — um lugar onde podia descansar, conversar e partilhar a mesa.
Uma casa aberta, um coração disponível
Os Evangelhos de Lucas e de João apresentam Marta como mulher de acolhimento, alguém que recebe e cuida. A hospitalidade, naquele tempo, era mais do que uma virtude social: era um dever moral e espiritual. Receber bem significava honrar o hóspede, criar espaço, oferecer alimento e proteção.
É fácil imaginar a agitação na cozinha: os legumes frescos da horta a serem preparados, uma omelete perfumada, um assado bem temperado a cozinhar lentamente, e talvez uma tarte de maçã acabada de sair do forno. São imagens que soam familiares à realidade portuguesa, onde a cozinha continua a ser o coração da casa e onde receber alguém implica, quase instintivamente, pôr a mesa com generosidade.
A escolha de Maria
Enquanto Marta se ocupa do serviço, Maria senta-se aos pés de Jesus. A sua atitude é, para o contexto da época, ousada: escutar, permanecer, priorizar a palavra. Maria escolhe a presença, a escuta profunda, o tempo gratuito.
Não é desinteresse pelo trabalho doméstico; é uma opção consciente por aquilo que sente ser essencial naquele momento. Maria reconhece que há encontros que não se repetem e palavras que não devem ser interrompidas.
O cansaço que fala
Marta, cansada e inquieta, deixa transparecer o ressentimento por estar sozinha nas tarefas. Jesus percebe-o — e responde com ternura, não com censura:
“Marta, Marta, estás preocupada e inquieta com muitas coisas; contudo, apenas uma é necessária. Maria escolheu a melhor parte.”
(Lucas 10:41–42)
Não há reprovação da hospitalidade, nem desprezo pelo trabalho. Há, sim, um convite à hierarquização interior: fazer muito não deve impedir de estar verdadeiramente presente.
Entre o necessário e o essencial
Esta passagem não opõe ação e contemplação; convida ao equilíbrio. A mesa precisa de ser posta, o alimento preparado — mas o coração também precisa de silêncio, escuta e atenção. Quantas vezes, também hoje, se corre de tarefa em tarefa e se perde o encontro?
Na cultura portuguesa, onde a mesa é lugar de conversa, memória e afeto, esta história ecoa de forma particular. Cozinha-se para estar juntos, não para substituir o encontro. A melhor refeição é incompleta se faltar a presença.
Uma lição para o quotidiano
Maria e Marta vivem dentro de cada pessoa. Há dias de Marta, feitos de urgências e listas. E há momentos de Maria, que pedem pausa e escuta. A sabedoria está em não deixar que a agitação silencie o essencial.
Em Betânia, Jesus não escolheu entre a cozinha e a sala; ensinou a integrar. A boa parte não exclui a outra — orienta-a.
Porque, no fim, a mesa mais farta é aquela onde alguém é verdadeiramente escutado. myfoodstreet.pt 2025

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